02/01/2014

Perturbação Específica da Linguagem (PEL)

A PEL carateriza-se por um comprometimento do desenvolvimento linguístico da criança, sendo observáveis assincronias no desenvolvimento das diversas componentes da linguagem, coexistindo capacidades próprias para a idade com competências próprias de crianças mais novas. Assim, a PEL poderá envolver uma ou mais componentes do sistema linguístico, nomeadamente a classe de palavras, fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e/ou pragmática.
Para o diagnóstico de uma PEL é necessário ter em conta os diversos critérios de inclusão-exclusão, de especificidade e de discrepância.

(Retirada da Internet)

Critérios de inclusão-exclusão:
  • Não apresentar atraso mental, deficiência auditiva, distúrbios emocionais severos, anomalias estruturais na cavidade oral ou patologias neurológicas;
  • A perturbação da linguagem não pode ser consequência de fatores socioculturais ou ambientais;
  • A criança deve apresentar um nível cognitivo mínimo e um quociente de inteligência (QI) igual ou superior a 85.

Critérios de especificidade:
As crianças com PEL podem apresentar:
  •     Mais dificuldades que os seus pares em identificar sons de curta duração e/ou numa sequência rápida;
  •   Alterações na memória de trabalho, o que dificulta a capacidade de processamento e armazenamento de informação;
  •     Lentificação dos tempos de reação.


Critérios de discrepância:
  •     A diferença entre a idade mental ou a idade cronológica e a idade linguística (nível expressivo) tem de ser de, pelo menos, 12 meses;
  •   A diferença entre a idade mental ou a idade cronológica e a idade linguística (nível compreensivo) tem de ser de, pelo menos, 6 meses.


Tipos de PEL
  •      Perturbações da linguagem expressiva: dispraxia verbal e défice de programação fonológica;
  •   Perturbações da linguagem expressiva e compreensiva: agnosia verbal auditiva e défice fonológico-sintático;
  •     Perturbações de processamento de ordem superior: défice léxico-sintáctico e défice semântico-pragmático.


Nota:
A idade e a presença de um atraso ou desvio são aspetos importantes para definir o diagnóstico diferencial nas perturbações da linguagem. Enquanto profissionais de saúde, o conhecimento acerca da distinção entre atraso ou desvio revela-se fulcral para a classificação das perturbações da linguagem. Num atraso observa-se as mesmas características do desenvolvimento da linguagem normal, embora numa faixa etária desadequada. Na PEL, por se tratar de um desvio, verifica-se que a criança apresenta as componentes da linguagem afetadas de forma diferente, denotando-se características não observadas no desenvolvimento normal da linguagem.

Impacto na vida da criança e da família

Relativamente ao desenvolvimento das competências escolares poderão existir dificuldades na realização das tarefas, por exemplo, ao nível da leitura e da escrita ou quanto à compreensão de fases longas ou emitidas com rapidez pelos professores/educadores.
É frequente que os pares da criança com PEL possam ter dificuldades em compreendê-la e, assim, emitam juízos de valor. Esta situação poderá gerar sentimentos de frustração e de baixa autoestima na criança, fazendo com que esta desista do processo comunicativo. A criança poderá restringir a sua participação social e a sua integração nos contextos onde está inserida, levando à desmotivação. Desta forma, devido à ininteligibilidade do discurso, a criança poderá isolar-se dos colegas havendo assim défices de socialização.
        No que diz respeito aos principais interlocutores em atividades e conversações relativas ao quotidiano, o impacto pode ser mínimo. Por outro lado, em conversações e tópicos mais complexos a comunicação poderá ficar comprometida.  

Bibliografia:
  • Acosta, V. (2007). Transtorno específico da linguagem. In: Puyuelo, M. & Rondal, J. (Org.). Manual de desenvolvimento e alterações da linguagem na criança e no adulto. São Paulo: Artmed;
  • Hage, S. & Guerreiro, M. (2010). Distúrbio Específico de Linguagem: Aspectos Linguísticos e Neurobiológicos. In: Fernandes, F., Mendes, B. & Navas, A. (Org.). Tratado de Fonoaudiologia. Editora Roca: São Paulo;
  • Lara, M. E. (2001). Transtorno Específico del Lenguaje. Madrid: Psicología Pirámide;
  • National Institute of Deafness and Other Communication Disorders (2011). Specific Language Impairment. Acedido em 1 de janeiro de 2014, em: http://www.nidcd.nih.gov/health/voice/pages/specific-language-impairment.aspx;
  • Papalia, D., Olds, S. & Feldman, R. (2002). O mundo da criança. Lisboa: Editora McGraw-Hill.

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